sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bem-me-quero, mal-me-quero...


Ele continua inquieto, andando de um lado para o outro. Ela, aparentemente serena, senta no banco e acende um cigarro.

- Deu pra fumar agora?
- O que você vai me dizer? Pra eu parar porque faz mal à saúde? Amar você também me faz mal, mas com isso você parece não se importar...

Ele pára de andar, permanece em silêncio. Ela indaga:

- Me diz, o que auto-destruição pra você?

Ele pensa por alguns segundos e deságua:

- Não sei ao certo. Seria o quê? Persistir no mesmo erro? Procurar métodos nocivos de aliviar a dor que insiste em permanecer, a grande dor da existência? Porque tudo na vida é assim, não? Tudo são escapes que as pessoas procuram para curar sua dor. Uns encontram esse refúgio na religião, outros no trabalho, sexo, consumismo, drogas, amor... É tão assustador ter que aguentar a existência sozinho e ser inteiramente responsável por tudo o que acontece em sua vida. É tão mais fácil culpar os outros. O destino, Deus, os orixás, os espíritos da natureza... É tão mais confortante atribuir significados às coisas para tornar a existência menos vã e sem sentindo. E isso tudo quando talvez nem tudo na vida tenha que necessariamente ter um sentindo.
- É, eu sei. Acho que nem tudo tem que ter um sentido mesmo. Talvez nem eu, nem você...

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